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DIÁRIO CATARINENSE, DOMINGO, 13 DE FEVEREIRO DE 2011
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Fotos: Hermínio Nunes (alto) e Charles Guerra (acima) |
SINAL AMARELO
Quando surge um Doador, a equipe tem que correr Foto: Hermínio Nunes |
Estado cai no ranking de doações de órgãos
Queda no índice de captações acende alerta para a necessidade de investimento na profissionalização
JOEL DE ANDRADE
Coordenador da SC Transplantes
Para termos doadores,
precisamos que as famílias
autorizem, mas só
conseguimos quando elas
confiam na equipe
de atendimento.
ROBERTA KREMER
Após permanecer quatro anos como o estado que contou com o maior número de doadores de órgãos, Santa Catarina perdeu a primeira colocação para São Paulo em 2010. A queda não é expressiva: de 19,8 doadores por milhão de população (pmp) em 2009 para 17,7 em 2010. Mas serve de alerta: é preciso investir mais na profissionalização da área de transplantes para evitar que a taxa reduza ainda mais nos próximos anos.
De acordo com o coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, o bom desempenho do índice catarinense de 2005 a 2009 foi resultado da oferta de capacitações para os trabalhadores da saúde pública. Em 2010, o processo de doação e captação esfriou. A SC Transplantes é uma Gerência da Secretaria da Saúde que coordena as ações que envolvem captação e transplantes no Estado.
O Hospital Santa Isabel, em Blumenau, é um dos principais captadores de órgãos, mas uma queda drástica no ano passado - de 22 em 2009 para cinco em 2010 - contribuiu para diminuir o índice estadual. A Diretora de Enfermagem da instituição, Márcia Regina Fidauza, considera a redução uma mostra do "desânimo" dos profissionais, causado pela redução de cursos de capacitação oferecidos pelo governo do Estado. Outro motivo da defasagem seria a falta de gratificações para os envolvidos com a captação de órgãos. Apenas algumas funções recebem hora plantão e sobreaviso. O restante não tem nenhum tipo de ganho extra.
- Para termos doadores, precisamos que as famílias autorizem, mas só conseguimos quando elas confiam na equipe de atendimento, que tem de se sentir incentivada e bem treinada - analisa Andrade.
Foi o investimento na profissionalização que ajudou São Paulo a alavancar as doações. Depois que foram criadas as Coordenadorias de captação nos hospitais, e os médicos passaram a receber treinamento e gratificações de R$ 4 mil ao mês, os índices de doadores subiram de 12 pmp em 2008 para 16,9 em 2009 e 21,2 em 2010. Para tentar reverter o quadro, em 2010, a SC Transplantes enviou ao Ministério da Saúde um projeto para criar três Organizações de Procura de Órgãos, com o objetivo de remunerar os servidores com um valor mínimo de R$ 600. Em dezembro, Santa catarina recebeu R$ 60 mil como auxílio para o projeto. O dinheiro ainda não foi usado. para continuar recebendo, o Estado precisa implantar o projeto, o que custaria R$ 140 mil por mês ao Governo Estadual.
- Como Santa Catarina passa por 120 dias de contenção de despesas, vamos esperar - diz o secretário da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira.
roberta.kremer@diario.com.br
77%
foi o índice
de queda nas
captações do
Hospital
Santa Isabel,
em Blumenau.
A vida antes e depois do transplante
Maria da Conceição está na lista de espera por um novo fígado. Foto: Hermínio Nunes |
PAULO
MARQUES
Transplantado
O que mais
gosto de fazer
é tomar água,
uma coisa tão
simples, mas
que eu não
podia durante
a hemodiálise.
Após passar por hospitais de Chapecó e Passo Fundo (RS), ir atrás de médicos particulares e fazer uma bateria de exames, dona Maria da Conceição Zacarias, 65 anos, descobriu no final do ano passado que estava com cirrose hepática. A nova luta da mulher de Saltinho, Oeste do Estado, é enfrentar a lista de espera para transplantes do órgão, que em dezembro estava na marca de 171 pessoas.
A rotina da família toda mudou com a doença e a necessidade do órgão. Ela e o marido Matias Zacarias, 67 anos, deixaram o sítio e foram morar com três filhos que trabalham em Florianópolis. A intenção foi ficar mais próxima do Hospital Santa Isabel, em Blumenau, referência estadual no transplante de fígado.
No começo de março, a mulher fará uma consulta para avaliar sua situação. Se o caso for considerado grave, ela vai para o topo da lista. Do contrário, Maria Conceição pode ter que esperar pelo menos seis meses - tempo médio de permanência na fila, apontado pela SC Transplantes.
O filho Darci Zacarias, 31 anos, torce para que o governo se esforce para melhorar a captação e apela às pessoas para que se conscientizem da importância da Doação no momentoda perda de um parente. Isso pode fazer toda a diferença.
No último ano, famílias de apenas 109 dos 295 potenciais doadores autorizaram a retirada dos órgãos.
Com Paulo Marques, 33 anos, um dos representantes da Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina (APSC), a situação foi mais fácil. Como precisou de um rim - órgão que pode ser captado de vivos, já que todos temos dois rins e podemos viver bem com um - bastou a solidariedade da irmã. Ele recebeu o novo órgão em 2002, depois de ficar 10 meses fazendo hemodiálise.
- O que mais gosto de fazer é tomar água, uma coisa tão simples, mas que não podia durante a hemodiálise. - revela.
Mãe acredita ter ajudado seis pessoas com órgãos do filho. Foto: Alan Pedro |
MARLI KLIMA
Mãe que doou
órgãos do filho
Houve quem
dissesse que eu
e meu marido
queríamos
matar o Lucas
para dar os
órgãos e até
vendê-los. Mas
eu sabia que
estava fazendo
a coisa certa.
Criciúma
ANA PAULA CARDOSO
Quando o filho Lucas, 17 anos, morreu atropelado em Içara, Sul do Estado, a zeladora Marli dos Santos Castro Klima, 42 anos, não pensou duas vezes e doou os rins, as córneas, o coração e o fígado do rapaz. Nessa conta, ela ajudou seis pessoas e enfrentou o preconceito e a falta de informação sobre doação de órgãos.
- Houve quem dissesse que eu e meu ex-marido queríamos matar o Lucas para dar os órgãos e até vendê-los. Mas eu sabia que estava fazendo a coisa certa. - afirma Marli.
A idéia de doar surgiu na primeira vez em que viu a palavra Doador em um documento de identidade. A partir daí, passou a conversar sobre o assunto em casa e se tornou incentivadora da Doação.
Marli sentiu na pele a nobreza da doação em 15 de janeiro de 2007. Lucas ia para uma danceteria em Içara quando um motociclista embriagado invadiu a calçada e o atropelou. Para Marli, além da ignorância sobre o assunto, as pessoas temem as equipes de captação. Ela conta que quando foi confirmada a morte cerebral
de Lucas, foi procurada para doação e nunca sentiu-se invadida ou forçada a doar os órgãos do filho. Desde 2000, quando mudou a Lei de doações, a decisão cabe exclusivamente à família. Antes, a pessoa escolhia se queria ou não ser um doador - condição informada na identidade.
ana.cardoso@diario.com.br
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Investimento na profissionalização:
Estes profissionais se capacitam, agregam experiências, salvam vidas... e em algum momento, cansam!
Colocar a própria vida, os amigos e a família em segundo plano, sem nenhum retorno prático é desgastante.
Então eles levam toda sua solidariedade e conhecimento para outras áreas.
E na CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) tudo volta ao zero:
Novos profissionais voluntários e solidários, sem treinamento, sem remuneração, sem perspectivas de carreira.
E o ciclo continua!
O Projeto da SC Transplantes é Modelo para o Brasil e mais uma vez Santa Catarina mostra a criatividade e a competência vanguardista. Com a implantação voltaremos a liderar o Ranking Nacional de Doações Efetivas, mas o mais importante é que vamos salvar a vida de muito mais Catarinenses e Brasileiros.
Fernando Cezar P Santos
Presidente
Grupo Hércules
Grupo Hércules
Parabens pelo alerta, Fernando.
ResponderExcluirParabens tbm para São Paulo com o indice de 21,2 pmp, é um numero expressivo e que serve de estimulo e exemplo para os demais estados Brasileiros.
Um abraço.
Beto Varella.