segunda-feira, 30 de agosto de 2010

DA MORTE À VIDA

SOLIDARIEDADE - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PODE TRANSFORMAR A TRAGÉDIA EM ALEGRIA

Da rodovia ao transplante.
CLAUDIO EDUARDO DE SOUZA



claudio@noticiasdodia.com.br

Jornal Notícias do Dia - Grande Florianópolis 30/08/2010



TIJUCAS/SC - Somente um gesto de amor é capaz de transformar a tragédia em alegria. 
Aos 64 anos, Valmir Nunes é a prova viva disto. No peito dele bate um coração de outra pessoa. Há quase quatro anos o aposentado fez um transplante cardíaco. Ele não conhece a identidade ou história do Doador. A única coisa que sabe é a causa da morte: um acidente na Rodovia que liga os Municípios do Vale do Rio Tijucas, a SC-411. Da estrada, que acumula desgraça, Nunes recebeu uma segunda chance. Do ato de doação, o exemplo da solidariedade.

A Rodovia SC-411 não é temida à toa. Só este ano, no trecho que vai de Tijucas a Nova Trento, 14 mortes instântaneas foram registradas. Entretanto nas estatísticas de vítimas fatais não estão incluídos aqueles que foram levados ainda com vida ao Hospital. E são justamente essas pessoas que podem ser doadores de órgãos e tecidos. "A captação só pode ser feita em casos de morte assistida, ou seja, o paciente precisa estar internado", explica a coordenadora de enfermagem do Hospital São José de Tijucas, Maria Aparecida Roselindo.

De acordo com a Enfermeira, nos casos de acidentes mais graves, como são os que ocorrem na SC-411, o paciente já chega morto no Hospital, ou precisa ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). "Como não temos UTI em Tijucas, encaminhamos o paciente para outras cidades, geralmente Florianópolis", destaca Maria Aparecida, justificando o motivo do Hospital São José não captar órgãos e tecidos.
"A maioria das transferências de pacientes são para Florianópolis, pois lá estão os Hospitais de referência em Traumatologia", afirma a Coordenadora de Enfermagem.
No entanto,o coração que Nunes recebeu em ...... 2006 foi captado em outra cidade de Santa Catarina.


"A CAPTAÇÃO SÓ PODE SER FEITA EM CASOS DE MORTE ASSISTIDA, OU SEJA, O PACIENTE PRECISA ESTAR INTERNADO." Maria Aparecida, Enfermagem



Segunda chance: Valmir Nunes ganhou um coração novo, mas ele não conhece a identidade do Doador
FOTO: Alex W. Farias/ND


MOTIVOS PARA COMEMORAR



Depois de seis anos na angustiante Fila de Espera por um coração, Valmir Nunes recebeu o tão aguardado telefonema. "Quando me ligaram para eu ir às pressas para o Hospital porque tinham um coração novo para mim, fiquei feliz. Mas tentei não me empolgar muito, para não me decepcionar casonão desse certo", salienta o aposentado. O receio de Nunes é que ocorresse o mesmo que em Outubro de 2003*. "Quando se precisa de uma doação, ficamos apegados à esperança. Há sete anos eu estava numa mesa de cirurgia para receber um novo coração. Mas não deu certo", recorda. Segundo o aposentado o médico cardiologista percebeu uma infecção no órgão que seria transplantado. Mais uma vez Nunes voltou para a Fila.

Com todos os motivos para desanimar, o aposentado que mora no Bairro Universitário, em Tijucas, superou a fase difícil com muito bom humor. Hoje então, já com coração novo, ele tem motivos de sobra para comemorar. "Digo com toda a certeza que nasci de novo. Sei que é difícil para a família decidir pela doação dos órgãos no momento da perda, mas esse gesto salvou minha vida", ressalta Nunes. Pai de sete filhos, o aposentado conta que, antes do transplante, não conseguia andar três quadras. Hoje, Nunes circula de bicicleta pela cidade sem se cansar. Ele transborda vivacidade.
"Quando eu morrer, podem retirar todo órgão que possa ser aproveitado para ajudar outra pessoa", retribui, dando sequência à mesma corrente do bem que lhe devolveu o dom da vida.



A probabilidade de uma pessoa vir a ser Receptor é CINCO vezes maior do que a de tornar-se Doador.   Dr. Joel Andrade


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Victorino Spinelli

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Victorino Spinelli – Hepatologista da UFPE, ex-presidente da SBH




Há uma série de falhas e inverdades, e também há falta de base sobre o que está sendo afirmado. Em relação à transmissão sexual do vírus da Hepatite C, isso é uma possibilidade, mas de menor importância, exceto em grupos com comportamento de risco peculiar. Inclusive há estudos publicados que indicam um risco de uma pessoa adquirir o vírus da Hepatite C se o parceiro for contaminado. Nem sempre a transmissão se deu pelo sexo neste caso, pois existem outras vias de transmissão que são difíceis de avaliar.

Isso tem sido observado tanto em parceiros monogâmicos como também em multiplicidade de parceiros. Eu não conheço nenhum estudo que tenha relacionado isso especificamente com a multiplicidade de parceiros. Qualquer doença sexualmente transmissível aumenta a incidência quando também se aumenta o numero de parceiros. Em relação à Hepatite C, eu desconheço estudos com números contundentes em favor da transmissão sexual. que é muito baixa. Na minha experiência pessoal, eu já tentei avaliar isso em esposas de doadores de sangue e a presença do anticorpo nessas esposas foi muito baixo Outra experiência, não é um estudo científico, mas é resultado da minha observação em prática medica: Alguns anos atrás, de 500 pacientes tratados, boa parte deles casados, de relação supostamente monogâmica, apenas 5 pessoas, ou coincidências, não quero julgar que foi transmissão sexual, mas coincidências, nas quais esposas e maridos eram HCV positivo. Quando isso acontece, você ainda não pode afirmar que foi transmissão sexual porque, por exemplo, a mulher usa o barbeador do marido para depilação e essa é uma via sabida de transmissão. Além de mais, uma série de outros contatos nos quais o sangue de um pode entrar em contato com o do outro.

Vamos avaliar o genótipo 1a ou o genótipo 1b. O genótipo 1 é o mais freqüente em São Paulo. Cerca de 60% a 70% das infecções pelo vírus C em São Paulo são genótipo 1. Não é de espantar que haja essa coincidência entre genótipos nos indivíduos, o que não necessariamente significa que seja o mesmo vírus. Portanto, este aspecto não serve para embasar a conclusão de transmissão sexual, exceto se houver o sequenciamento de genoma viral para comprovar que são o mesmo vírus. Já em Pernambuco, entre 50% e 60%. No Rio Grande do Sul, o número é um pouco menor. Quando se fala em subtipos a e b, não parece lógico aquilo que a pesquisa aponta. Os autores dizem que os indivíduos com comportamento promíscuo têm o genótipo 1a e os que contaminaram com transfusão de sangue tenha o 1b. Não sei em que se baseia essa afirmação!!!

Mas o que vale ressaltar a luz do que conhecemos de estudos bem conduzidos é que prevalência da transmissão sexual da Hepatite C é baixíssima, com um parceiro ou com múltiplos. Já o risco de contaminação da Hepatite B por via sexual existe sim e a camisinha e a vacinação podem auxiliar na prevenção do contágio.

Paulo Roberto Abraão Ferreira

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA


Paulo Roberto Abraão Ferreira – Infectologista da UNIFESP - São Paulo




Realmente a possibilidade de transmissão sexual da Hepatite C tem sido cada vez mais valorizada, particularmente dentre pacientes que são portadores do HIV e que tem práticas homossexuais, ou seja, indivíduos homossexuais masculinos. De forma que, provavelmente, pelos dados da literatura, aqueles pacientes que praticam sexo, particularmente sexo anal, com algum grau de traumatismo nessa cópula, podem desenvolver lacerações e, consequentemente, sangramento local durante o ato sexual e então facilitar a transmissão sexual do vírus da Hepatite C.

Existem vários relatos em trabalhos científicos mostrando surtos de Hepatite C dentre portadores do HIV e pacientes que são homossexuais, com prática de sexo anal. Existe sempre, da nossa parte, uma preocupação também porque não raro nós observamos na nossa prática clínica e também em dados relatados pela literatura, casos de infecção aguda em indivíduos que não são portadores do vírus HIV, algumas vezes em casais heterossexuais onde o(a) parceiro(a) adquire Hepatite C após contato com o namorado ou marido infectado por Hepatite C em casos agudos. Então, de fato essa possibilidade de transmissão sexual da Hepatite C pode existir, mas não é a principal forma de transmissão. Não deve ser também negligenciada. A orientação de sexo seguro e uso de preservativos é universal, com todos os cuidados que se recomenda, tanto para evitar a infecção pelo vírus HIV, como para evitar a infecção pelo vírus da Hepatite B.

Edson Roberto Parise

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Edson Roberto Parise – Hepatologista, Professor adjunto da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo e Presidente da Associação Paulista para Estudo do Fígado.




O estudo eu não conheço em detalhes, mas a forma como foi divulgada a notícia é extremamente preocupante. Isso porque ela induz a que se creia que os pacientes que tem Hepatite C são normalmente indivíduos promíscuos, o que é uma inverdade total. A maior parte desses pacientes teve a sua infecção ou através de transfusão sanguínea ou através do uso de seringas/agulhas contaminadas. A promiscuidade é baixíssima entre todos os nossos pacientes, e o que estranha nesse estudo é que ele contraria todos os achados de todos os grupos no Brasil. Foi o único trabalho, com uma casuística muito pequena - deve-se frisar isso - que se dispôs a ter conclusões extremamente apressadas e, a meu ver, extremamente errôneas.

Eu não posso dizer que no estudo isso não existiu, porque nós não temos acesso aos dados, mas é muito intrigante que isso contrarie todas as casuísticas muito mais amplas que já foram realizadas no Brasil e no mundo a esse respeito. Foram estudos robustos, publicados em revistas de reconhecido rigor metodológico, tinham amostra de pacientes muito maiores do que a do estudo em questão. Portanto, é difícil aceitar uma conclusão tão contundente de um único estudo que não tem estes predicados que acabei de citar.

Repórter - Esses estudos, tanto do Brasil como do mundo, não indicam a Hepatite C como DST?

Edson Parise – Tanto é que nem nós, os médicos que cuidamos dos pacientes com Hepatite C, e nem mesmo os organismos de saúde Norte-Americanos indicam o uso de preservativo para parceiros sexuais estáveis de pacientes com Hepatite C. Então esse artigo está na contramão do mundo e é uma pena que se dê a ele uma dimensão como a que foi dada, dentro de um veículo tão importante quanto a Folha de São Paulo.

Heiner Wedemeyer

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Heiner Wedemeyer – Hepatologista, Docente do Departamento de Gastroenterologia, Hepatologia e Endocrinologia da Hannover Medical School na Alemanha. Presidente da EASL (Associação Européia para o Estudo do Fígado)




Primeiramente, esses dados são muito importantes, pois precisamos identificar fatores de risco para variadas vias de transmissão da Hepatite C. O que esse estudo mostra é que pessoas com certos perfis podem ter maiores probabilidades de serem infectadas com o vírus da Hepatite C. Mas não é verdade que a Hepatite C seja transmitida pela relação sexual. Este assunto tem que ser tratado com muito cuidado, pois se você não tiver fatores de risco adicionais, a probabilidade de transmitir a hepatite C por relação sexual é muito baixa. Nós conhecemos milhares de pessoas que são casadas e mantém relações sexuais por mais de 30 anos e não transmitiram Hepatite C aos seus parceiros. Entretanto a descoberta de que homens jovens com freqüente troca de parceiros têm uma probabilidade maior de transmitir Hepatite C sugere que eles possam ter também outros comportamentos que estão levando a um risco maior de infecção. E isso tem que ser investigado mais profundamente.

Deve ressaltar que se o paciente, além disso tudo, for imunossuprimido, ou tiver o vírus do HIV, aí a relação sexual é um fator de risco elevado para a transmissão. Isto está documentado, mas a transmissão sexual clássica entre indivíduos com integridade do sistema imunológico é de menor importância. Isso foi mostrado também na Europa, onde observamos um surto de Hepatite C entre homens portadores do vírus HIV. Estes podem transmitir o vírus da Hepatite C através de relação sexual.

Cláudio Figueiredo Mendes

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Cláudio Figueiredo Mendes – Hepatologista, Chefe do Serviço de Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro




Sobre o estudo que foi divulgado pela imprensa em São Paulo, mencionando a possível transmissão, ou quase que confirmando a transmissão a fácil sexual do vírus da Hepatite C, existem, obviamente, vários questionamentos a respeito das conclusões. O que nós temos até hoje é que a transmissão do vírus da Hepatite C é principalmente por via parenteral, ou seja, contaminação através de sangue. A contaminação sexual seria uma via secundária, mas muito pouco importante.

A chance de transmissão através da via sexual é muito pequena mesmo. Parece que esse estudo teve vários erros na sua concepção. Eu não o conheço na integra, então não posso criticá-lo metodologicamente, mas, de qualquer forma, parece que esse estudo tem algumas contaminações e alguns vieses que podem ter prejudicado a avaliação final dos autores, envolvendo o uso de drogas e outros comportamentos de risco. É muito difícil você determinar exatamente se foi a via sexual a responsável pela disseminação do vírus da Hepatite C nesse caso.

Christian Trepo

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Christian Trepo – Hepatologista, Hospital Hotel Dieu, Universidade Claude Bernard, Lyon-França




Eu acho que deve haver uma confusão nesse estudo, pois o que é sabido é que usualmente a Hepatite C não é transmitida pelo sexo, especialmente entre casais. Agora o que foi recentemente descoberto é que homens que fazem sexo com homens são responsáveis por uma epidemia de hepatite C aguda. Mas isto não foi descrito para casais heterossexuais. Então o que realmente faz diferença é a preferência sexual.

Moisés Diago

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Moisés Diago – Hepatologista, Universidade de Valencia, Espanha




Infelizmente não li este artigo, mas reluto em acreditar que esteja certo. Teria que interpretá-lo, pois pode haver mais fatores que tenham levado erradamente a esta conclusão. Na Minha opinião (é uma opinião geral, não só minha), é que o vírus da Hepatite C não é um vírus de transmissão sexual. Este é um vírus de transmissão por via sanguínea, por punções, não através de mucosas, ou seja, requer que haja ulcerações na mucosa para que possa ser transmitido.

No ano de 1996 publiquei um estudo na Espanha feito em familiares de pacientes com Hepatite C e também com seus parceiros sexuais e nos contatantes familiares. Minha conclusão foi a de que a via de contato familiar não transmite o vírus. Já que nos parceiros sexuais tinham um aumento de prevalência, mas quando analisamos os genótipos (Tipo Genético do Vírus), a metade era diferente, ou seja, cada membro do casal possuía um tipo de vírus diferente, portanto haviam contraído separadamente a infecção. Eles não haviam transmitido um para o outro. Isso em casais que eram casais heterossexuais estáveis.

Também nos filhos, não havia transmissão, mesmo entre os filhos de mães sero-positivas.

Sabemos sim que é possível existir a transmissão sexual, mas é uma probabilidade muito baixa, de apenas 2 ou 3%. Há muitos trabalhos que tratam de possíveis transmissões sexuais, mas muitos deles foram realizados em clínicas de doenças de transmissão sexual, onde atendem a pacientes, mulheres ou homens com doenças sexualmente transmissíveis, ou seja, mulheres que tem ulcerações na vagina. Então isso é um fator que tem que ser desmascarado, porque possivelmente uma mucosa da vagina que está com ulceração pode transmitir o vírus, o mesmo com o pênis do homem, pode ocorrer essa via. Este não é o conceito clássico de transmissão sexual. Mas com uma mucosa intacta não deve existir a transmissão.

Qual seria a explicação para o resultado desse estudo da USP? Eu creio que as pessoas que chegam a ter 50 parceiros sexuais têm muitas outras condutas de risco. Não todos, mas dessas 50 pessoas com quem o indivíduo teve relações sexuais em um ano temos, com certeza, algumas pessoas com DSTs e vírus C. Então temos que controlar este fator. Eu acredito que este seja um fator importante. Há também outras condutas a que essa conduta se associa. Mas pode haver hábitos que não estão claros, mas que poderiam explicar esse resultado. Portanto de um estudo assim não se pode concluir, quando há outros tantos estudos que dizem que o vírus da Hepatite C não é um vírus de transmissão sexual. Não podemos concluir que a transmissão sexual é um fator importante. Sim que pode acontecer em determinados comportamentos. Mas a recomendação de todas as sociedades é que não é necessário utilizar preservativos nas relações estáveis com um paciente portadores do vírus C, haja vista que depois de 20, 30 anos de convivência não há transmissão. Portanto, possivelmente esse fator que embasa esse estudo é mais um fator de conjunção de outros fatores que se associam à conduta daqueles indivíduos que variam parceiros sexuais. Todas as sociedades recomendam que nos casos de grande número de trocas de parceiros seja utilizado o preservativo. Mas acho que isso não há relação com o vírus C, pois há outras doenças são de transmissão sexual como a Hepatite B e a AIDS. É claro que numa gama de 50 parceiros deve haver pessoas com alguns outros problemas como uma ulceração na vagina ou algum comportamento de risco como o compartilhamento de seringas, objetos de uso pessoal, etc. Creio que aí esteja a confusão.

Gilmar Amorim

Enquete Sociedade Brasileira de Hepatologia

Gilmar Amorim – Gastroenterologista, Docente do Departamento de Medicina Integrada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Membro do grupo de expertos em Medicina Baseada em Evidencia da SBH.


Venho oferecer algum esclarecimento sobre essa questão que foi fortemente veiculada na mídia escrita e que de alguma forma deve estar causando algum transtorno emocional às pessoas que tem Hepatite C. Primeiro ponto: eu quero deixar claro que concordo plenamente com a nota publicada pela Sociedade Brasileira de Hepatologia. Perfeita a nota, ela esclarece que a Hepatite C não pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível à luz dos conhecimentos atuais. E ponto final sobre o assunto.

Essa opinião é também de todas as sociedades de Hepatologia, no mundo inteiro. Ainda sustenta esta opinião o CDC (Centers for Disease Control) norte americano. A forma preponderante de transmissão é através do sangue contaminado. Então a nota da Sociedade ela é perfeita nesse sentido e ela ainda diz mais: que os trabalhos que lidam com esse assunto podem ter fatores complicadores à sua análise, ou seja, a metodologia inadequada. E aí se pode chegar a conclusões inadequadas. O assunto é muito delicado, pois pode resultar em preocupações para as pessoas, para os que estão enfermos, para os seus familiares, para o médico assistente e para todos aqueles lidam com o enfermo. Então eu concordo ainda mais com o que a nota da SBH quando diz que o sexo seguro é uma recomendação de universal e deve ser praticado por todos, independente da suspeita do parceiro ter ou não Hepatite C, sobretudo se esse parceiro não é fixo. Perfeita essa nota, eu não acrescentaria nada mais a isso aí, pois eu estou totalmente de acordo. E quero me inscrever dentre os que manifestaram descontentamento com essa informação de que a Hepatite C pode ser transmitida por via sexual, ou o conceito de alta conectividade com a via sexual de transmissão, conforme foi publicado.

Edna Strauss

ENQUETE DA SBHEPATOLOGIA

Edna Strauss – Hepatologista do INCOR, Universidade de São Paulo.




Inicialmente destaco que eu não gostei do enunciado. “Homens jovens e promíscuos teriam maior propensão a ter Hepatite C, a desenvolver, ou a pegar, ou serem contaminados com o vírus da Hepatite C”. A epidemiologia da Hepatite C é muito bem conhecida. A forma preferencial de contaminação da Hepatite C é a forma parenteral, ou seja, exposição a produtos do sangue levados por corte, por agulha, por seringa contendo material contaminado. A possibilidade de contaminação sexual, através da relação sexual, desde que não haja grosseiras escoriações com sangramento. Por isso, a relação homossexual traumática realmente pode levar a contaminação, não pela relação sexual propriamente dita, mas pelo trauma da relação, pela contaminação de ambas as partes. Isso pode acontecer. Isso já é muito conhecido, - mas não é a via mais importante de contaminação.

O indivíduo pode se contaminar de inúmeras maneiras. Precisamos definir o que é promiscuidade sexual. A promiscuidade pela Organização Mundial de Saúde significa que o indivíduo tem ou teve mais de dois parceiros sexuais em seis meses. Neste contexto, se a pessoa tem mais de dois parceiros em seis meses, pela Organização Mundial de Saúde, ele é conceituado como promíscuo sexualmente. Um indivíduo com este perfil pode ter maior possibilidade de adquirir também a Hepatite C, porém, cabe a pergunta, sobre a confirmação de que a Hepatite C seja uma doença sexualmente transmissível. Nós sabemos que a Hepatite B tem importante transmissão sexual, mas a hepatite C é bem diferente. O vírus da Hepatite B tem uma efetividade muito maior, mas a Hepatite C não. A Hepatite C tem uma menos estabilidade no meio ambiente, a contaminação é mais difícil mesmo no acidente por agulha. Resumindo, a probabilidade de contaminação pelo sexo não é nula, isso nós sempre colocamos para os nossos pacientes, ela não é nula, mas ela é muito pequena, o que faz com que não se possa dizer que esta Hepatite é de transmissão sexual.

Existem formas diversas de contaminação da Hepatite C. Por conta disso, sempre que vejo um paciente com Hepatite C solicito o exame ao parceiro. Não porque eu ache que o sexo transmita a doença, mas porque a convivência diária entre os dois faz com que outras formas de contaminação aconteçam, por exemplo partilha de escova de dente, alicates de unha, ECT. Já tive um caso assim na minha clínica: o marido estava infectado, quando pedimos da esposa ela também estava infectada. Aí eu busquei os meios de contaminação e ela disse “Ah doutora, ele fazia a barba e depois eu pegava a gilete e me depilava com a mesma gilete”, portanto um material cortante que foi compartilhado. Assim como alicates de manicure, assim como uma agulha, uma tesoura, qualquer coisa que possa um ter usado e o outro ter usado também e com isso transmitir o vírus. Então o meio familiar, a convivência dos cônjuges pode realmente fazer com que haja uma transmissão do vírus, o que não quer necessariamente dizer que seja sexual. E no caso dessa pesquisa onde a maior parte das pessoas tinha uma atividade sexual muito intensa, seria necessário esclarecer mais detalhadamente quais são os outros hábitos dessas pessoas promíscuas. Sem isso não é possível excluir todos os outros fatores para confirmar que foi o sexo, realmente, o responsável pela contaminação

Fábio Marinho do Rêgo Barros

Fábio Marinho do Rêgo Barros – Diretor da SBH – Sociedade Brasileira de Hepatologia e Hepatologista do Hospital Português de Pernambuco

ENQUETE DA SBH


Acho que é muito arriscado você usar um meio de comunicação como a Folha de São Paulo para divulgar uma informação que a princípio soa um tanto quanto alarmante. Primeiramente, o texto começa com um erro crasso que é a informação de que a hepatite C é uma doença incurável, quando na verdade nós sabemos que com os métodos atuais nós podemos curar efetivamente cerca de 50% das pessoas. A questão da transmissão sexual ou outras vias como se investigou no artigo não me parece muito convincente. Em vários estudos publicados em rigorosas revistas não existem indicadores de que casais monogâmicos se infectam mutuamente, quando um é positivo e o outro negativo. Normalmente você tem outras vias de contaminação que não a via sexual. Além disso, via sexual “convencional” não pode ser confundida com outras práticas sexuais como, por exemplo, sexo anal mais selvagem onde pudessem ocorrer pequenas lacerações. Neste caso poderia ter algum contato com o vírus, mas seria uma transmissão que se aproximaria mais da parenteral pelo contato como o sangue e não pelo sexo em si.

Então, basicamente, é o contato com o sangue, como toda a via de transmissão da Hepatite C é: transfusão sanguínea, usuários de drogas, partilha de instrumentos cortantes, partilha de seringas, ou seja, meios que tenham o sangue como veículo de transmissão viral.

HEPATITE C NÃO É DST - 1

Entrevistas para enquete referente à reportagem do Jornal Folha de São Paulo

sociedade brasileira de hepatologia
Recentemente, o jornal Folha de São Paulo, maior veículo impresso do Brasil, publicou uma matéria intitulada “Hepatite C é ligada a jovens que fazem sexo com muitas pessoas”. A notícia informava que um estudo realizado pela USP - Universidade de São Paulo sugere que homens jovens e promíscuos são as vítimas preferenciais da Hepatite C. Esta noticia gerou especulações acerca da possibilidade da transmissão sexual do Vírus da Hepatite C ter sido subestimada ao longo dos anos dedicados ao estudo desta doença.

O assunto é controverso, mas existe farta documentação cientifica contrária à importância da transmissão sexual do Vírus C, exceto em situações peculiares.

Ademais, o tópico apresenta serias dificuldades para a sua avaliação científica. È necessário controlar nos estudos os fatores que chamamos, na linguagem da metodologia científica, de “confundimento.” No caso da Hepatite C, o vírus pode ser transmitido por diversas vias parenterais, ou seja, partilha de instrumentos perfuro-cortantes ou abrasivos, mesmo objetos de uso pessoal como tesoura de unhas e escova de dente. Não raro, indivíduos com comportamento sexual de risco, partilham estes instrumentos. Isso pode levar o investigador a falsamente aceitar a transmissão sexual se o estudo não tiver mecanismos para controlar estes “ fatores de confundimento”.

Além disso, deve-se ter o máximo cuidado quando incluímos na amostra usuários de drogas intravenosas. Ademais, quando a amostra é pequena (poucos pacientes incluídos no estudo) como é o caso do estudo que levou a esta controversa conclusão.

Esta é uma população particularmente difícil de estudar, não só pela dificuldade de informações seguras, assim como pela abundancia de fatores de confundimento.

Reconhecendo ser este um tema de importância, a SBH ouviu expertos em Hepatite C do Brasil e do exterior, todos com reconhecida experiência no assunto, pois são formadores de opinião e trabalham em centros de referencia para Hepatite C.

Para tanto, solicitamos os serviços da assessoria de comunicação da Texto&Cia. Esta, por sua vez, teve total independência para entrevistar expertos em Hepatologia, todos especialistas formadores de opinião.

A Entrevista aconteceu durante o Evento da SBH “Hepatologia do Milênio” em Salvador, de 14 a 17 de Julho de 2010. Todos os entrevistados foram convidados do evento para proferir conferencias, participar de mesas redondas e discutir casos clínicos complexos.

A Sociedade Brasileira de Hepatologia tem por objetivo contribuir para esclarecer a população, mormente os mais de 2.000.000 de brasileiros portadores de Hepatite C e aos seus familiares.

Este é um papel social das sociedades de especialidades médicas e também da imprensa.



Raymundo Paraná

Presidente da SBH

Professor Livre-Docente de Hepatologia Clinica da UFBA

Chefe do Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital Universitário da UFBA

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Encontro de Transplantados


OITAVO ANO DO PRIMEIRO TRANSPLANTE HEPÁTICO DO HOSPITAL SANTA ISABEL
Encontro dos Transplantados Hepáticos do HSI 2008
Dia 25 de Agosto de 2010 no Colégio Sagrada Família, rua Sete de Setembro, 915 - Centro, Blumenau/SC missa comemorativa ao Oitavo ano do primeiro transplante de fígado realizado no Hospital Santa Isabel.
O colega de camisa azul, em primeiro plano na foto, é o Sr. Lauro Danker, nosso pioneiro! Todos os demais torcem bastante, para que ele tenha vida muito longa :)

Após a Missa faremos uma breve reunião para divulgar nosso trabalho entre os colegas presentes.
Sejam bem vindos e obrigado à Organização do Evento.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Brasil contra a Hepatite C

Jogos do Campeonato Brasileiro irão abrigar ação da Campanha Nacional de Combate à Hepatite C

A Campanha Nacional de Combate à Hepatite C, promovida pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e pela Federação das Associações de Atletas Profissionais (FAAP) com o apoio do Ministério da Saúde, conta agora com um novo auxílio de peso. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) autorizou, no dia 10 de agosto, a apresentação da faixa oficial alusiva à campanha, nos estádios de futebol, antes do início dos jogos do Campeonato Brasileiro das séries A e B.
Federação das Associações de Atletas Profissionais


A faixa, com a mensagem “O Brasil contra a Hepatite C”, faz um alerta à população em geral e é direcionada, principalmente, aos atletas que atuaram nos anos 60, 70 e 80 para o risco de estarem contaminados pelo vírus. O que pouca gente sabe é que ex-esportistas, principalmente os ex-jogadores de futebol dessa época fazem parte do grupo de PREVALÊNCIA para a Hepatite C.
Naquele tempo os indivíduos recorriam às farmácias ou mesmos aos vizinhos para aplicarem injeções de medicamentos simples como GluconergamThiaminoseComplexo B com Vitamina C e até mesmo glicose. Estas aplicações eram feitas por via venosa, mas utilizavam seringa de vidro, cuja  esterilização era insuficiente para eliminar o vírus. Esta era uma prática comum no passado entre atletas, principalmente jogadores profissionais de futebol, que tomavam aplicações de vitaminas dentro dos próprios clubes. Atualmente, no Brasil, a Hepatite C acomete 6,6 por 100 mil habitantes.
CBF

Apesar dos números alarmantes, poucos brasileiros alcançam a rede de saúde para tratar a doença. Contudo, a Hepatite C tem cura se controlada a tempo. Para o Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Dr. Raymundo Paraná, todos os incentivos para que a população faça o teste para a Hepatite C são bem-vindos. “A Hepatite C é uma doença silenciosa e muitas vezes assintomática. Este é um aspecto particularmente perverso, pois se diagnosticada a tempo, a Hepatite C tem cura. O diagnóstico precoce pode mudar por completo a história natural da doença”, afirma.
Sociedade Brasileira de Hepatologia


Acesse o site: www.sbhepatologia.org.br

Texto : Cia Comunicação e Marketing
Monique Melo
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Nextel: 11 7737 4458 - ID 55*97*7539
Lara Prado
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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Rádio Guaruja 1420 AM Floripa 07/08/2010

Entrevista ao Vivo - Hércules
Jornalista Leda Limas - Ao Vivo num Shopping
SÁBADO, 07 de Agosto entrevista do Presidente Fernando Cezar P Santos e da Coordenadora de Hepatites Virais Anna M. Gomes Haensel no PROGRAMA REVISTA GUARUJÁ, 9 AO MEIO DIA. GUARUJÁ 1420 AM com a querida apoiadora, Jornalista e Radialista Leda Limas.

 ACOMPANHE TAMBÉM PELO http://www.radioguaruja.com.br/
e no orkut PROGRAMA REVISTA GUARUJÁ


Ao Vivo do Mercado Público - Doe Medula

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Hepatites Diário Catarinense - Editorial

30 de julho de 2010 | N° 8882AlertaVoltar para a edição de hoje

EDITORIAIS

O MAL SILENCIOSO

As medidas de prevenção devem ser farta e claramente divulgadas para que regridam os números que já configuram uma endemia.

O Ministério da Saúde anunciou que vai ampliar a faixa etária da população que, atualmente, tem direito à vacina contra a hepatite B pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, o direito à imunização pelo SUS limita-se à faixa de zero a 19 anos. A partir do ano que vem, o direito será estendido até os 24 anos e, em 2012, ampliada para a faixa de 25 a 29 anos. A decisão foi tomada diante do aumento exponencial do número de casos dessa doença no Brasil. O número registrado no ano passado 13.389 casos foi 8% maior do que o de 2008. Ao todo, calcula-se que as hepatites virais dos tipos A, B e C mataram pelo menos 20 mil pessoas no país na última década. O Ministério da Saúde considera que o número real deve ser bem maior, eis que muitos casos sequer são diagnosticados. A do tipo C, da qual cerca de 90% dos casos se tornam agudos, afeta, preferencialmente, o grupo de pessoas entre 50 e 59 anos. Atualmente, entre todos os tipos de doenças, é o que causa o maior número de mortes no Brasil. Todos os números referentes às hepatites virais são ameaçadores, e tanto justificam, à plenitude, as medidas agora anunciadas pelas autoridades da saúde pública quanto exigem muitas outras, tanto curativas quanto preventivas.

Santa Catarina, desde o último dia 20, é o único estado do país que garante a todos os portadores de hepatite C o acesso gratuito aos medicamentos antivirais que combatem o insidioso mal. Este avanço foi obtido graças a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.

No país, os números referentes à hepatite C, segundo os critérios utilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – que, na quarta-feira, Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, lançou um alerta sobre a disseminação do mal também em escala planetária – já configuram uma endemia. Em todo o mundo, oscila entre 170 milhões a 190 milhões o número de pessoas que estão infectadas. No Brasil, o cálculo chega a mais de 3% da população e, em Santa Catarina, estima-se que 3,5% dos habitantes – em torno de 126 mil pessoas – tenham a hepatite C.

As formas de transmissão, certamente, ajudam a explicar a maior rapidez com que essas doenças virais têm se disseminado nos anos anos recentes. O vírus é transmitido pelo sangue *(Hepatite B e C), esperma e secreções vaginais *(Hepatite B), ou seja, por via sexual e sanguínea. Divulgada no ano passado, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde apontou que o uso de preservativos em relações casuais caiu de 51,5% da população sexualmente ativa, em 2004, para 46,5% em 2008.

Uma das maiores preocupações refere-se, justamente, à hepatite C, a de maior incidência no Estado, que se torna crônica em sete de cada 10 casos registrados, e é uma doença “silenciosa, pois, quando consegue ser diagnosticada, quase sempre já provocou danos muito intensos nos portadores”, segundo o chefe da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da pasta. Como sempre em casos semelhantes, a informação integra o arsenal para combater o mal.

E as medidas preventivas precisam ser farta e claramente explicadas à população para que regridam os números das doenças, como o uso de preservativos em relações sexuais, desinfecção *e Esterilização adequada de instrumentos usados em salões de beleza e cabeleireiros etc. Além disso, impõe-se multiplicar os laboratórios aptos à realização, pelo SUS, dos exames necessários ao diagnóstico do mal silencioso e letal se não atacado a tempo.

*Observações do grupo Hércules

C O N V I T E Hospital SANTA ISABEL

Repassando aos Colegas Transplantados Hepáticos do Hospital Santa Isabel de Blumenau


C O N V I T E


Convidamos Vossa Senhoria para participar da comemoração do Oitavo Ano de Transplante Hepático do Hospital Santa Isabel, a ser realizado na data e local abaixo indicados:

Data: 25 de agosto de 2010 – quarta-feira


Horário: 15 horas


Local: Colégio Sagrada Família (Rua 7 de Setembro, n° 915) – próximo ao Hospital.





Solicitamos sua confirmação até o dia 20/08/2008, com Luciane, no telefone: (47) 3321-1015, ou pelo endereço eletrônico: secretaria.adm@santaisabel.com.br

Ficaremos muito honrados em contar com Vossa presença!

Irmã Analuzia Schmitz


DIRETORA GERAL

Hepatite C - Diario Catarinense 5

Saúde

28/07/2010
19h30min

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?uf=2&local=18§ion=Geral&newsID=a2986604.htm

Hepatite C é a que causa mais mortes entre os quatro tipos da doença

Em 2009, foram confirmados 9,954 mil casos da doença

A hepatite C é a doença que causa o maior número de óbitos entre todos os tipos de hepatite, de acordo com dados divulgados nesta pelo Ministério da Saúde, em razão do Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais. Segundo a diretora do Departamento de DST/Aids do ministério, Mariângela Simão, mais de 70% dos casos desse tipo de hepatite se tornam crônicos.



— Os grupos que são atingidos pela hepatite C são grupos mais velhos, em especial por transfusão sanguínea. Essa hepatite é silenciosa e, em 70% dos casos, se tornam crônicos. Além disso, não há uma vacina disponível no mundo contra ela — disse.



Em 2009 foram confirmados no Brasil 9.794 casos de hepatite C e em 2008 foram 9.954 casos. Grande parte desses casos se concentram na faixa etária dos 50 aos 59 anos, que foram contaminados por meio de seringas não esterilizadas e transfusão de sangue feitas até 1993, quando não havia sido inciado teste para hepatite.
blog Jaleco Branco



Outro tipo de hepatite que também tem preocupado é a hepatite B, na qual cerca de 90% a 95% dos casos se tornam crônicos*. Esse tipo de hepatite atinge principalmente a faixa etária entre 20 e 59 anos. No ano passado foram confirmados 14.601 casos da doença no Brasil, que pode ser evitada por meio de vacina, encontrada em toda a rede pública de saúde.



A hepatite B normalmente é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas, objetos de manicure não esterilizados entre outras. Ela pode ser evitada por meio de vacina, que é aplicada em três doses até os 19 anos, pelo uso de camisinha e esterilização de objetos.



Em relação à hepatite A, foram registrados no país ano passado 10.383 casos da doença, que atinge principalmente a faixa etária de até os 12 anos de idade. A principal forma de contagio é por meio da água contaminada, alimentos mal lavados, mãos mal lavadas ou sujas de fezes ou objetos contaminados. Ela pode ser evitada por meio de vacina.



A hepatite D foi a que teve o menor número de casos confirmados no Brasil no ano passado, com 242 casos. Ela normalmente ocorre em conjunto com a hepatite B, pois o vírus da hepatite D usa uma proteína do vírus da hepatite B para poder se desenvolver. A hepatite D é adquirida pelo mesmo modo que a hepatite B e o tratamento indicado é o mesmo para esses dois tipos da doença. A vacina contra esse tipo de hepatite é o mesmo para o tipo B.



AGÊNCIA BRASIL

* Alterado por nós em rela,cão à reportagem original.

Radio Nereu Blumenau/SC


ENTREVISTA
sexta-feira,
23 de Julho de 2010 - 14:42

Olga Lucia Viegas Marcondes fala sobre a doação de órgãos em Blumenau

Rádio Nereu Ramos de Blumenau/SC
Na manhã desta sexta-feira, dia 23 de julho Paulo César da Silva entrevistou no Jornal da Nereu, Coordenadora da ONG Grupo Hércules Doações de Órgãos e Transplantes de Fígado, Olga Lucia Viegas Marcondes.

Ela falou sobre a doação de órgãos em Blumenau. Olga explicou a importância de doar e como mudou nossa cultura com relação a esse assunto. Ela precisou de doação também, e contou como foi sua experiência
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Hepatite C - Diario Catarinense 4

30 de julho de 2010 | N° 8882AlertaVoltar para a edição de hoje

HEPATITE B

Vacinação será ampliada

A faixa etária para a vacinação contra a hepatite B oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) será ampliada. Atualmente, a idade vai de zero a 19 anos. Em 2011, de acordo com o Ministério da Saúde, a imunização será oferecida também para a faixa de 20 a 24 anos. Em 2012, deve atingir a faixa entre 25 e 29 anos.

De 1999 a 2009, 96 mil pessoas contraíram a doença, e 5.079 morreram. Segundo o Ministério da Saúde, após tomar as três doses, mais de 90% dos adultos jovens e 95% das crianças e adolescentes ficam imunizados contra a hepatite B.

Hepatite C Diario Catarinense 3

30 de julho de 2010 

HEPATITE C

Blumenau é referência

O Hospital Santa Isabel, da rede Divina Providência, em Blumenau, é referência no Brasil em transplantes de fígado. Desde 2002, quando se iniciou o serviço, 430 transplantes já foram feitos. De acordo com o Marcelo Nogara, gastroenterologista, hepatologista e chefe da equipe de transplantes de fígado do hospital, a média ideal para Santa Catarina, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), seria de 120 transplantes por ano.

– Estamos no caminho porque realizamos 90 transplantes de fígado por ano – destaca Nogara.

Hepatite C Diario Catarinense 2

30 de julho de 2010 

HEPATITE C

Tratamento para todos

Santa Catarina é o único Estado a garantir acesso gratuito a medicamentos da doença

Santa Catarina é o único Estado brasileiro que garante aos portadores de hepatite C o acesso gratuito aos medicamentos. A medida é o resultado de uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF). Não cabe recurso. Até agora, o Sistema Único de Saúde (SUS) assegurava o tratamento – feito com Interferon Peguilado e Ribavirina – aos pacientes que sofriam do genótipo 1 da doença.
O tratamento foi considerado eficiente no controle dos outros dois genótipos, mas é caro. Cada ampola com o medicamento chega a custar R$ 1,3 mil. Um paciente precisa de quatro ampolas por mês, ficando o tratamento mensal em torno de R$ 5,2 mil.

A medida é válida somente para pessoas que moram em Santa Catarina.


Com a determinação, os pacientes que contraíram o genótipo 2 e 3 também têm o direito de receber os remédios. Considerada uma doença endêmica no país, a hepatite é dividida em tipos A, B, e C, e subdivida em outros tipos.

Enquanto em todo o mundo cerca de 170 a 190 milhões de pessoas estão infectadas, no Brasil, as estimativas chegam a 3,5% da população. Em Santa Catarina, o quadro é grave: estima-se que 2,1% dos catarinenses, 126 mil pessoas, tenham hepatite C. O número justifica que muitos pacientes tenham procurado o MPF para assegurar a medicação gratuita.

Três regiões estão no foco das atenções: o Litoral, Vale do Itajaí e o Oeste. Nos últimos 15 anos, Santa Catarina registrou 133 mortes por causa de hepatites virais. São 8,8 mortes por ano. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

De acordo com o procurador da República Mauricio Pessuto, antes da recomendação entrar em vigor, alguns pacientes dos genótipos 2 e 3 conquistavam na Justiça o tratamento gratuito.

Na decisão, se resolveu que a medicação será acessível a todos os pacientes, mas a conservação dos remédios deverá ser feita pelo SUS. Para atender a demanda deverá ser ampliado o número de polos de aplicação de medicamentos injetáveis, que são postos de saúde de referência. Em Florianópolis, o local é o Hospital Nereu Ramos. Também ali são oferecidos medicamentos para tratamento de doenças como Aids e tuberculose.

O paciente deverá ir até a unidade de saúde para receber a vacina ou remédio e não poderá levá-lo para casa. Para ter acesso, é preciso ser encaminhado pela Secretaria Estadual de Saúde.

Quem não conseguir o tratamento de graça, deve fazer uma denúncia no MPF. A União e o Estado podem pagar multa de R$ 10 mil por paciente que não receber a medicação.

angela.bastos@diario.com.br francine.cadore@diario.com.br
ÂNGELA BASTOS FRANCINE CADORE

Hepatite C Diário Catarinense 1

30 de julho de 2010 

HEPATITE C

Depois da luta, a vitória

– Quantas pessoas perderam a vida sem ter este direito conquistado?
Diario Catarinense
A frase reflexiva é de Anna Gomes Haensel Schmitt, fundadora e coordenadora de Hepatites Virais do Grupo Hércules  Santa Catarina. Agora, cerca de 126 mil catarinenses poderão usufruir do benefício de receber de forma gratuita o medicamento.

Com a primeira página da ação do Ministério Público Federal em uma das mãos e uma caixa de medicamento na outra, Anna lembra quando, em setembro de 2002, então portadora do vírus C, iniciou panfletagem e divulgação em Florianópolis convidando outros portadores e familiares para a primeira reunião.

Naquele ano, com a participação de outros três portadores (Arnaldo Millman, Leandro Lazzari, Marcos Pereira Batista) era criado o grupo.

– Naquela época, hepatite C era uma sentença de morte. Falava-se pouco da doença, havia preconceito e o tratamento era muito caro.

Fatores como estes levaram o grupo a exigir na Justiça o recebimento do remédio. Foi uma sucessão de liminares. Algumas deram resultado, como o tratamento a que Anna se submeteu. A doença negativou.

Em 2004, a ação foi ingressada via Ministério Público Federal. Seis anos depois, o resultado:

– Agora, independente do genótipo, todo portador poderá receber tratamento via SUS. Isso é um grande avanço para portadores e suas famílias – diz Anna.

Com a recente conquista do benefício, Anna e seu grupo pensam em homenagear Leandro Lazzari, vencido pelos vírus das hepatites C e B, com o nome da lei que será criada.