quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Hepatites Diário Catarinense - Editorial

30 de julho de 2010 | N° 8882AlertaVoltar para a edição de hoje

EDITORIAIS

O MAL SILENCIOSO

As medidas de prevenção devem ser farta e claramente divulgadas para que regridam os números que já configuram uma endemia.

O Ministério da Saúde anunciou que vai ampliar a faixa etária da população que, atualmente, tem direito à vacina contra a hepatite B pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, o direito à imunização pelo SUS limita-se à faixa de zero a 19 anos. A partir do ano que vem, o direito será estendido até os 24 anos e, em 2012, ampliada para a faixa de 25 a 29 anos. A decisão foi tomada diante do aumento exponencial do número de casos dessa doença no Brasil. O número registrado no ano passado 13.389 casos foi 8% maior do que o de 2008. Ao todo, calcula-se que as hepatites virais dos tipos A, B e C mataram pelo menos 20 mil pessoas no país na última década. O Ministério da Saúde considera que o número real deve ser bem maior, eis que muitos casos sequer são diagnosticados. A do tipo C, da qual cerca de 90% dos casos se tornam agudos, afeta, preferencialmente, o grupo de pessoas entre 50 e 59 anos. Atualmente, entre todos os tipos de doenças, é o que causa o maior número de mortes no Brasil. Todos os números referentes às hepatites virais são ameaçadores, e tanto justificam, à plenitude, as medidas agora anunciadas pelas autoridades da saúde pública quanto exigem muitas outras, tanto curativas quanto preventivas.

Santa Catarina, desde o último dia 20, é o único estado do país que garante a todos os portadores de hepatite C o acesso gratuito aos medicamentos antivirais que combatem o insidioso mal. Este avanço foi obtido graças a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.

No país, os números referentes à hepatite C, segundo os critérios utilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – que, na quarta-feira, Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, lançou um alerta sobre a disseminação do mal também em escala planetária – já configuram uma endemia. Em todo o mundo, oscila entre 170 milhões a 190 milhões o número de pessoas que estão infectadas. No Brasil, o cálculo chega a mais de 3% da população e, em Santa Catarina, estima-se que 3,5% dos habitantes – em torno de 126 mil pessoas – tenham a hepatite C.

As formas de transmissão, certamente, ajudam a explicar a maior rapidez com que essas doenças virais têm se disseminado nos anos anos recentes. O vírus é transmitido pelo sangue *(Hepatite B e C), esperma e secreções vaginais *(Hepatite B), ou seja, por via sexual e sanguínea. Divulgada no ano passado, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde apontou que o uso de preservativos em relações casuais caiu de 51,5% da população sexualmente ativa, em 2004, para 46,5% em 2008.

Uma das maiores preocupações refere-se, justamente, à hepatite C, a de maior incidência no Estado, que se torna crônica em sete de cada 10 casos registrados, e é uma doença “silenciosa, pois, quando consegue ser diagnosticada, quase sempre já provocou danos muito intensos nos portadores”, segundo o chefe da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da pasta. Como sempre em casos semelhantes, a informação integra o arsenal para combater o mal.

E as medidas preventivas precisam ser farta e claramente explicadas à população para que regridam os números das doenças, como o uso de preservativos em relações sexuais, desinfecção *e Esterilização adequada de instrumentos usados em salões de beleza e cabeleireiros etc. Além disso, impõe-se multiplicar os laboratórios aptos à realização, pelo SUS, dos exames necessários ao diagnóstico do mal silencioso e letal se não atacado a tempo.

*Observações do grupo Hércules

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