Do luto, a possibilidade de salvar outra vida
Rafaela Mazzaro
rafaela.mazzaro@an.com.br
Jornal A Notícia - Joinville/SC
O enfermeiro do Hospital Municipal São José, de Joinville, Robson Duarte, 39 anos, tem uma dura missão entre as suas atribuições diárias: informar sobre a morte cerebral de pacientes internados na UTI. Neste caso, a triste notícia vem acompanhada de um consolo para a família e amigos. É que Duarte também é coordenador de transplantes do hospital e é sua função fazer a ponte entre os responsáveis e os possíveis doadores.
Enfermeiro Robson Duarte - Coordenador Hospitalar |
A má notícia, no entanto, nem sempre é recebida com serenidade. O mensageiro já teve de lidar com situações adversas, até mesmo de agressividade, por parte de parentes, além de tentativas de transferir a culpa pela fatalidade, o que, segundo ele, é uma reação comum, a chamada fase de negação. “Tentamos dar a notícia sempre para mais de um parente no mesmo momento e nunca por telefone”, afirma o enfermeiro. São cuidados essenciais, que também preparam a família para a possibilidade de ter os órgãos do parente em um potencial transplantado.
O peso de ter que anunciar a perda de alguém nem sempre foi o mesmo para o enfermeiro. No início da carreira, Duarte ainda cultivava um sentimento de impotência perante a morte. Foram necessários cursos de tanatologia e treinamentos específicos para ultrapassar a barreira da frustração profissional. “O profissional precisa estar preparado para a morte. Não pode pensar que poderia ter feito mais pelo paciente, mas ter certeza de que fez tudo o que estava ao seu alcance”, argumenta.
Essa percepção, segundo o enfermeiro, só é conquistada por meio do entendimento do real significado da morte. Mesmo assim, ele admite que, mesmo com o preparo da classe médica, a frustração é inevitável quando se trata de uma morte por fatalidade ou morte prematura. “Quando é uma condição normal da vida, como uma doença, é mais compreensível. Mas quando é motivado por uma tragédia, não tem como não sentir”, comenta.
Pessoalmente e profissionalmente, Duarte encara a morte com muito respeito. Quando ela está relacionada com pessoas próximas, ele mantém a postura serena, mas admite que também tem seu momento de negação. “É impossível não passar por todas as fases da morte”, reforça.
O Hospital Municipal São José de Joinville/SC é um dos maiores captadores do Estado de SC respondendo por 12% do total (SC Transplantes)apurado de Janeiro a Setembro/2010, obviamente, o Enfermeiro Robson e sua equipe também são importantes agentes deste sucesso.
Hospital Municipal São José de Joinville/SC |
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